Ah, o universo corporativo! Um palco onde se desenrolam diferentes atos de drama, cada um com seu quê de comédia e tragédia. Entre emails, reuniões virtuais e prazos, navegamos por mares por vezes turbulentos, onde personagens distintos encenam uma peça que poderia muito bem ter sido roteirizada por Shakespeare. No entanto, ao contrário das tragédias shakespearianas, aqui temos a chance de reescrever o script, transformando conflitos em oportunidades de crescimento.
É aqui que o Triângulo do Drama entra em cena, um modelo psicológico fascinante que lança luz sobre os padrões de interação que frequentemente emergem em situações de conflito. Desenvolvido nos anos 60 pelo Dr. Stephen Karpman, 1968 para ser mais exato, este modelo não apenas desvenda as máscaras que tendemos a usar, mas também aponta o caminho para uma comunicação mais autêntica e construtiva.
O Triângulo do Drama não é um conceito novo, mas sua relevância continua ressoando nos corredores corporativos, revelando como nossas interações podem alternar entre os papéis de Perseguidor, Vítima e Salvador. Esses papeis têm o poder de nos enredar em um ciclo de drama que desvia nossa energia de objetivos mais produtivos.
Recentemente, embarquei na jornada enriquecedora oferecida pela Academia de Formação de Líderes na Stefanini e foi nela que tomei conhecimento dessa intrigante teoria. O tema me despertou curiosidade e me levou a uma busca por um entendimento mais aprofundado. Foi ai que encontrei na Amazon o livro “The Karpman Drama Triangle Explained”, que promete elucidar essa teoria complexa. Comprei no mesmo instante a versão para o leitor digital Kindle. A versão em papel, apesar de disponível, levaria algum tempo para chegar em casa. Estava sem tempo e sem paciência.
Ao explorar este intrigante triângulo descobre-se como ele se apresenta em nossos cotidianos profissionais e pessoais. E, mais importante, como podemos transcender esse ciclo de drama, abrindo caminho para relações mais saudáveis e eficazes.
A leitura propiciou uma reflexão aprofundada sobre a tapeçaria complexa das interações humanas, desvendando os intricados papéis que desempenhamos, muitas vezes inconscientemente, no palco corporativo. Tornando-se uma lente reveladora para perceber a dinâmica das equipes com mais clareza.
Esta imersão literária, aliada às discussões provocativas na academia, aprimorou a compreensão sobre como os líderes podem navegar pelas águas às vezes turbulentas das relações interpessoais, mantendo o engajamento e a produtividade em alta.
Explorando o Triângulo: Uma Visão Geral
O Triângulo do Drama emerge da Análise Transacional, uma abordagem psicológica que explora a dinâmica das interações humanas. Ele é composto por três vértices: Perseguidor, Vítima e Salvador. Cada vértice representa uma postura que podemos assumir em nossas interações, especialmente sob o calor do conflito. A magia (ou seria a maldição?) deste modelo é que nos movemos pelos vértices do triângulo de maneira quase coreografada, mudando de papel conforme a dança do drama se desenrola.
Perseguidor: O papel do Perseguidor pode ter uma conotação negativa à primeira vista, mas nem sempre é prejudicial. Há circunstâncias em que assumir uma postura enérgica ou assertiva é crucial para a segurança ou o bem-estar dos envolvidos. Por exemplo, um bombeiro evacuando um prédio em chamas ou um líder tomando decisões firmes em situações críticas. O importante é a intenção e a consciência por trás da postura do Perseguidor. No entanto, quando permeado por críticas destrutivas e uma necessidade de controle, este papel pode alimentar o ciclo do drama e afastar os outros.
Vítima: Este papel se manifesta em indivíduos que se sentem oprimidos pelo mundo ao redor, muitas vezes se colocando em um ciclo de autocomiseração. Enquanto a Vítima pode buscar um Salvador, também pode resistir à ajuda, perpetuando o ciclo do drama. Em algumas situações, assumir a posição de Vítima pode ser uma resposta humana a circunstâncias desafiadoras. No entanto, a estagnação nesse papel e a evasão da responsabilidade pessoal podem ser prejudiciais. Reconhecer quando estamos assumindo o papel de Vítima e trabalhar para adotar uma postura mais empoderada pode ser um passo vital na quebra do ciclo do drama.
Salvador: Este papel, adornado com uma aura de nobreza, muitas vezes atrai aqueles com um desejo ardente de ajudar. Contudo, há uma linha tênue entre ajudar genuinamente e assumir a capa do Salvador como uma forma de se gabar ou buscar aprovação social. Além disso, há os “Salvadores de palco”, que adoram falar sobre como podem ou querem ajudar, mas raramente tomam ações concretas. As vezes, mesmo sem as ferramentas ou o conhecimento necessário, podem se lançar na missão de resgate, o que pode complicar ainda mais a situação para a pessoa “resgatada”.
Embora possa parecer um modelo simples, o Triângulo do Drama oferece uma lente poderosa para entender como nossas interações podem ser moldadas por essas posturas, e como elas, por sua vez, moldam a cultura de nosso ambiente de trabalho. A consciência desses papéis e a compreensão de como transitamos entre eles pode ser o primeiro passo para desfazer o nó do drama e promover uma comunicação mais saudável e eficaz.
Compreender cada vértice do Triângulo do Drama, nos fornece autoconhecimento e entendimento interpessoal.
Reconhecendo e Desempenhando os Papéis Construtivamente
A primeira etapa para um desempenho construtivo dos papéis no Triângulo do Drama é o reconhecimento. É crucial entender quando e como nos encontramos deslizando para o papel de Salvador, Perseguidor ou Vítima. Este reconhecimento não só é libertador, mas também abre caminho para a transformação.
No papel de Perseguidor, é vital refletir: “Minha assertividade está sendo construtiva ou destrutiva?” Há momentos em que a assertividade é necessária, mas a chave é garantir que ela seja empregada para construir, não para desmantelar. A comunicação clara e respeitosa é a espinha dorsal de um desempenho construtivo deste papel.
Quanto à Vítima, a pergunta crucial é: “Estou assumindo responsabilidade por minhas ações e situação?” Reconhecer a tendência de cair no papel de Vítima e trabalhar para assumir a responsabilidade pode ser um passo gigantesco para sair do ciclo do drama.
Ao se deparar com o papel de Salvador, por exemplo, uma pergunta útil a ser feita é: “Estou oferecendo ajuda de uma maneira que empodera ou desempodera?” É fundamental avaliar se a ajuda é genuína ou um meio de buscar validação. Além disso, é vital entender que o verdadeiro auxílio capacita os outros a encontrar soluções, em vez de criar dependência.
Além do reconhecimento, a prática consciente é a chave. Com a consciência dos papéis que tendemos a assumir, podemos trabalhar ativamente para desempenhá-los de maneira mais construtiva. A prática leva à maestria – ao praticar novas maneiras de interagir, podemos romper o ciclo do drama e cultivar relações mais autênticas e produtivas no ambiente de trabalho.
Como Líderes Podem Identificar e Quebrar Padrões de Drama nas Equipes
No mundo corporativo, onde a eficiência e a harmonia da equipe são vitais para o sucesso, a presença de drama pode ser um obstáculo significativo, pois ele não apenas consome energia valiosa, mas também pode desencadear um ambiente de trabalho tóxico. Líderes eficazes são aqueles capazes de identificar e quebrar os padrões de drama, garantindo uma atmosfera de trabalho produtiva e agradável. Aqui estão cinco estratégias robustas para abordar esse desafio:
1. Observação Atenta:
A observação ativa das interações entre os membros da equipe pode revelar padrões de drama. Líderes perspicazes podem decifrar sinais sutis de conflito, permitindo uma intervenção precoce.
2. Cultura de Feedback:
Estimular uma cultura onde o feedback é bem-vindo e valorizado pode ajudar a trazer à luz as questões latentes, fornecendo insights cruciais sobre as dinâmicas da equipe.
3. Mediação e Resolução de Conflitos:
Possuir habilidades sólidas de mediação e resolução de conflitos é essencial para abordar desentendimentos de maneira eficaz, evitando que evoluam para dramas maiores.
4. Treinamento em Comunicação:
Oferecer treinamento em comunicação pode promover a expressão clara de ideias e emoções, minimizando mal-entendidos que podem alimentar o drama.
5. Estabelecimento de Expectativas Claras:
Definir expectativas claras sobre comportamento e comunicação profissional pode estabelecer um padrão de interação respeitosa e construtiva, reduzindo o espaço para o drama.
Reflexões Finais: O Caminho Para uma Interação Significativa
Desembaraçar os fios do Triângulo do Drama e promover uma interação mais significativa não é uma tarefa simples, mas é uma jornada recompensadora. A transição de uma cultura de drama para uma de compreensão e colaboração pode ter um impacto profundo na satisfação e na produtividade da equipe. Líderes que estão dispostos a enfrentar esse desafio estão dando um passo ousado em direção a um ambiente de trabalho mais saudável e enriquecedor.
Importante: Esse texto NÂO é um resumo do livro, por isso recomendo que você compre seu exemplar.
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