E ae polvo! Eu sei que pode parecer loucura (e é), mas eu sou um dos muitos comediantes que decidiram se aventurar na cena de comédia stand-up aqui em São Paulo, afinal de contas sou nascido e criado aqui, na cidade que nunca dorme, nem mesmo quando o governador decreta um toque de recolher!
Acredite, não é fácil! Além da concorrência acirrada entre os comediantes, parece até que a gente tá dentro do filme Jogos Vorazes, eu ainda tenho que enfrentar o desafio de morar no Grajaú, no extremo sul, e com muita frequência ter que atravessá-la para conseguir me apresentar em algum comedy club. Mas isso não me impede de desbravar essa metrópole em busca de boas risadas. Já me perdi tanto por aqui que as vezes desconfio que estou participando do “Se Vira nos 30”.
Essa cidade é tão grande que até o GPS fica confuso! E é justamente pelo seu tamanho que conseguimos ter por aqui uma grande quantidade de espaços com apresentações de stand-up, mas, como tudo na vida, encontrar uma oportunidade para se apresentar pode ser uma tarefa árdua.
Para você ter ideia, dia 18 de Fevereiro de 2023 (dia em que esse texto foi escrito), o desafio era chegar lá na Casa Cultural Hip Hop, no bairro do Jaçanã. Um percurso de quase 50 kilômetros, que poderia ser feito em pouco mais de uma hora e meia de carro, mas, que por conta de usar o transporte público (acredite, não é uma opção), vai demorar um pouco mais. Pelo menos trinta e oito minutos a mais (no final das contas levou bem mais, foram 2h30).
É uma verdadeira maratona de ônibus, trem, metrô, tédio, raiva, depressão, ódio, tristeza, ônibus de novo, helicóptero e mula que, além de me ajudar a ler 18 livros em 2022, já rendeu muitas piadas e histórias engraçadas! No fim das contas, acho que – pelo menos para mim – é isso que torna São Paulo tão especial.
Entretanto, apesar de tudo isso, eu amo ser comediante (hoje em dia muito mais do que ser analista de sistemas) sinto-me grato e privilegiado por viver numa cidade tão única e vibrante quanto São Paulo é. Aqui, além ter acesso a uma variedade incrível de shows e espaços de comédia e, claro, me apresentar para um público exigente e apaixonado por humor, as vezes consigo me encontrar e bater um papo nos bastidores com alguns os melhores comediantes do país.
E não somos só nós, os comediantes de São Paulo, que estamos por aqui lutando por um lugar ao sol na comédia brasileira – obviamente, pois apesar da gente se achar o supra sumo da comédia, existe muita gente talentosa Brasil a fora. Muitos são de outras cidades (as vezes tão distantes quanto, por exemplo, Manaus, como é o caso do Murilo Vieira – @omurilovieira), vieram para cá por conta da comédia ou algum outro motivo qualquer e que também estão se aventurando em busca de mais oportunidades. E, apesar de todas as dificuldades, esses artistas continuam batalhando pelo sonho de fazer rir.
Faça dos limões uma boa caipirinha
Ah, o show lá na Casa Cultural Hip Hop de Jaçana foi fantástico, Meu salve para o pessoal da organização (e resistência) da casa – que, pra variar, a prefeitura está tentando privatizar. O público, apesar de pequeno, estava muito a fim de dar risadas, e o André Batista (@andrebatistapg) me presenteou com 30 minutos de palco, mas que de tão gostoso para mim pareceram só 10. A Tatá Mendonça (@ceganacomedia) também estava lá e arrasou! Acredito que tenha sido bom para o público também.
É tanta dificuldade que nos faz apreciar ainda mais as boas risadas. É como dizem por aí: “quando a vida te dá limões, faça uma piada e vê se vende pro Rafinha Bastos ou qualquer outro comediante que aceite”.
Então, se você também é um amante da comédia, minha dica é: não desista, persista! Seja qual for a distância ou a quantidade de comediantes que você precisar matar, quer dizer, enfrentar, o importante é nunca perder o foco e o senso de humor.
Até a próxima.