Tive a oportunidade de ler este ano o livro “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório, que ganhou destaque em meio a uma polêmica envolvendo a censura do livro em algumas escolas públicas do Brasil. A obra, que ganhou o prêmio Jabuti integra o PNLD (Programa Nacional do Livro e do Material Didático), é recomendada para alunos do ensino médio, adolescentes à partir dos 14 anos, e aborda temas cruciais como racismo estrutural, violência policial e desigualdade social.
A Polêmica e a Censura
O episódio começou quando uma diretora de escola no sul do Brasil – não vou citar o nome dela para não dar ainda mais visibilidade para ela – decidiu remover “O Avesso da Pele” das bibliotecas, alegando que o conteúdo era impróprio para os estudantes devido a palavras de baixo calão e temas considerados sensíveis. Essa decisão, tomada sem uma leitura completa, gerou grande repercussão e debate público.
A principal preocupação da diretora parecia ser muito mais a reação dos pais dos alunos, mas essa justificativa não é plausível quando consideramos o contexto educativo e a maturidade dos alunos do ensino médio que, em geral, têm capacidade para compreender e discutir os temas abordados no livro. O racismo e a violência policial são realidades presentes no cotidiano brasileiro, e evitar essas discussões pode ser prejudicial para a formação crítica dos estudantes.
Comparações Históricas
e a Importância da Liberdade de Expressão
Embora os contextos e proporções sejam distintos, a censura a O Avesso da Pele evoca um alerta semelhante ao da queima de livros na Alemanha nazista: o risco do silenciamento de ideias que desafiam o status quo e da restrição ao acesso ao conhecimento. No caso do regime nazista, a queima de livros visava controlar a narrativa cultural e política, eliminando perspectivas contrárias. De forma análoga, a exclusão de obras como O Avesso da Pele dificulta o debate sobre questões essenciais para a construção de uma sociedade mais crítica e consciente.
A censura de obras literárias, independentemente da escala, representa uma ameaça à liberdade de expressão e ao desenvolvimento de uma sociedade crítica e informada. Como educadores e especialistas defendem, a literatura deve servir para expandir a compreensão dos alunos sobre a realidade e promover reflexões críticas.
A Reação Pública e o Impacto Positivo
Ironicamente, a tentativa de censura resultou em maior visibilidade de “O Avesso da Pele”, resultando em um aumento de mais de 1400% nas vendas, mas isso não justifica o impacto negativo que a exclusão de obras como esta podem causar na formação dos estudantes. Eu mesmo só fiquei sabendo do livro por conta do episódio.
Procurei por algumas livrarias pelo livro impreso, mas acabei comprando na Amazon uma versão para o leitor digital Kindle. Mesmo que você tenha que se contentar com a versão digital, como aconteceu comigo, é fundamental que mais pessoas tenham acesso a esta obra e às importantes discussões que ela provoca.
Conclusão
“O Avesso da Pele” é uma obra essencial para a educação contemporânea, fornecendo uma oportunidade valiosa para discutir temas cruciais como racismo e violência policial. A censura arbitrária desta obra não apenas priva os alunos de uma importante ferramenta de aprendizado, mas também representa um perigo para a liberdade de expressão e o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e informada.
A resistência a temas difíceis frequentemente revela um despreparo para lidar com questões sensíveis, mas é precisamente por isso que essas discussões são tão necessárias. Defendamos a literatura e a educação como espaços de liberdade e reflexão crítica, capazes de formar cidadãos conscientes e engajados.
Para aqueles interessados em adquirir “O Avesso da Pele”, a obra está disponível tanto em formato impresso quanto digital, e sua leitura é altamente recomendada para todos que desejam compreender melhor a realidade social brasileira e os desafios enfrentados pelas comunidades negras no país.
Compre O Avesso da Pele Na loja da Amazon