ABBA e a Cultura Gay
Cresci ouvindo as músicas do ABBA, claro que na época eu não tinha noção disso, mas elas se tornariam parte da minha vida. Lembro-me de quando era pequeno, por volta de 6 ou 7 anos, e passava minhas férias na casa dos meus avós paternos e maternos. Era nessas casas, lá em Caratinga, Minas Gerais, me divertia muito ouvindo sucessos como “Dancing Queen”, “Knowing Me, Knowing You”, “Money, Money, Money”, “Take A Chance On Me”, entre outros.
Lembro-me de ouvir as músicas do conjunto lá em Caratinga, no interior de Minas Gerais, numa daquelas vitrolas de maleta tão comuns nos anos 70. Eu pegava a maletinha e passava algum tempo ouvindo os discos, não sei dizer ao certo, mas acho que o suficiente para encher o saco de todos.
Já adulto o ABBA continuou fazendo parte da minha vida quando, aos 25 anos, me assumi homossexual. Principalmente por conta da música Dancing Queen, que tocava em quase todos os bares gays que eu frequentava – até hoje a música está associada à comunidade LGBTQIAPN+, bastava tocar os primeiros acordes e todo mundo se jogava (se joga) na pista, dançando e cantando junto. O grupo é parte da cultura gay.
Uma das principais razões para isso é que as músicas do conjunto são frequentemente tocadas em festas e eventos gays, especialmente em eventos que valorizam a cultura disco dos anos 70. Sucessos como “Dancing Queen” e “Mamma Mia” são conhecidos por serem hits nas pistas de dança, e suas letras animadas e melódicas tornaram-se verdadeiros hinos da cultura pop.
Além disso, o estilo do grupo, com seus figurinos extravagantes, brilhantes e coloridos, é frequentemente considerado uma referência para a moda gay. Muitas das roupas usadas por eles em apresentações ao vivo se tornaram verdadeiros ícones da moda, sendo frequentemente citadas como referências em desfiles de moda e eventos temáticos.
Fugindo dos Impostos
Uma curiosidade é que as calças coladas e brilhantes, macacões com paetês e saltos plataforma que o Abba usava no auge de sua fama foram projetados não apenas para destacar os membros da banda, mas também como forma de driblar o fisco, segundo o que está num outro livro, Abba: The Official Photo Book (“Abba: O Livro Oficial de Fotos”), publicação que marca os 40 anos desde que venceram o concurso Eurovision com “Waterloo”.
Refletindo sobre o registro de moda do grupo em um novo livro, um dos membros da banda, Björn Ulvaeus, disse: “Na minha opinião honesta, parecíamos loucos naqueles anos. Ninguém poderia ter se vestido tão mal no palco quanto nós”.
Voltando ao livro, o autor Carl Magnus Palm é um especialista em ABBA e consegue nos transportar para os bastidores do grupo, mostrando as lutas, vitórias e curiosidades que envolvem o ABBA. Foi fascinante ver a escalada meteórica do grupo para a fama, depois de muitos anos de trabalho duro, e, ao mesmo tempo, ver na proporção o que isso causava em suas vidas particulares.
O livro possui também algumas fotos da época que, além de trazer muita nostalgia, dão mais vida à obra. Outra curiosidade desta versão que li em português é que as frases em inglês foram traduzidas já as em sueco não. A outra foi tratar Frida como a “morena” do grupo, mas eu sempre achei que ela fosse loira, né? Fiquei um pouco confuso, mas tudo bem, é só um detalhe.
Foi incrível ler a respeito de como foram criados os sucessos que ficaram marcados em minha memória e o quanto a banda fez sucesso ao redor do mundo. Se você é fã do ABBA ou apenas curte música pop, eu super recomendo a leitura deste livro. Ele vai te fazer rir, se emocionar e, acima de tudo, te levar para o universo do ABBA como nunca antes!